Take a deep breath. #1

Inspirei bem fundo e tentei recomeçar a minha linha de pensamentos. Todos os acontecimentos anteriores me tinham deixado atordoada, apenas resultando do facto de os tentar compreender. Eram pura e simplesmente... estranhos, à falta de uma palavra melhor. Não tinha nada a ver comigo, directamente. Mas tinha a ver com a minha irmã e, tendo em conta que nós somos éramos o que se costuma vulgarmente designar por unha com carne, ou inseparáveis, era lógico que tinha a ver comigo. É claro que não fazia a mínima ideia do que ela estava a passar, e não sei como reagiria se a situação fosse comigo. (...)
Quando ele chegou a nossa casa, pediu imediatamente para falar com ela. Parecia agitado, nervoso e cheio de pressa. Não parou sequer para me perguntar se estava tudo bem comigo ou o que é que tinha feito ultimamente, que era um hábito seu. Sempre gostara de se dar bem com toda a família da namorada, era daquelas pessoas que conquista as outras à primeira vista: simpático, bem educado, divertido e, acima de tudo, leal. Enfim, tudo o que eu poderia querer para a minha irmã. Desde o primeiro momento que achei que ele era perfeito para ela e que eles iriam ter uma longa e feliz vida em conjunto.
Mas naquele dia, ele estava fora de si, ansioso. Mal ele pediu para falar com ela, percebi logo que ali havia algo de errado. O que se passaria? No entanto, não quis intrometer-me e fui de imediato chamá-la, alertando-a para o estado do seu amado. Ela, preocupada como era seu costume, desceu as escadas a correr. Dei-lhes cerca de 10 minutos para falarem e, passado esse tempo, precipitei-me para as escadas, para ver o que se passava.
Deparei com a minha irmã a balbuciar 'Por favor, não', com as lágrimas a escorrerem-lhe cara abaixo. Ele, com as lágrimas também nos olhos, deu-lhe um beijo na testa e disse apenas 'Eu volto, prometo'. Dito isto, dirigiu-se vagarosamente para a grande porta da minha casa. Corri para a janela e ainda fui a tempo de o ver sair pelo portão, limpando as lágrimas com um lenço. Ergueu a cabeça, entrou no carro e acelerou rua abaixo.
Desci as escadas e fui ter com a minha irmã. Abracei-a, dei-lhe o meu ombro para chorar e ela apenas disse 'Ele teve que ir, e não vai voltar'. Percebi que ela não me iria dizer mais nada e foi então que a deitei no sofá e lhe fui buscar um calmante. Adormeceu quase de imediato e eu fui buscar-lhe uma manta para a tapar, afinal de contas o Outubro estava a ser frio.
Saí de casa em direcção à praia que ficava ali perto. Aí, sentei-me na areia e comecei a divagar na minha mente 'Como é que ele foi capaz de a abandonar? E porquê?', 'Será que já não a ama? Será que aquele fogo tão intenso que eles tinham de repente perdeu a chama?' Não tinha resposta a estas perguntas. Tudo aquilo me deixava extremamente confusa, incapaz de pensar claramente. Suspirei de novo, desta vez um suspiro vazio, sem qualquer esperança de que o amor verdadeiro realmente existia. (...)

9 comentários:

Faz dos teus pensamentos, palavras. Obrigada por cá passares (: